terça-feira, 24 de março de 2020

Soluções possíveis para problema quase invisível

O momento que vivemos é bastante delicado e difícil, pois o isolamento social a que temos que nos submeter é estranho, principalmente para um povo como o brasileiro reconhecido pela sua forma de se socializar com as outras pessoas.

O governo federal decidiu decretar estado de calamidade pública, no que fez muito bem. Esta não me parece ser a única saída, mas a mais fácil e rápida. Pior que isso é o fato de campanhas como a de fazer as pessoas se isolarem em seus lares para se protegerem de um vírus, evitando o contato social de qualquer tipo, podem torná-las assustadas ou até mesmo receosas de se aproximar de outra pessoa, mesmo que um dia acabe toda essa situação. Há o risco, sim, de que as pessoas nunca mais sejam como eram antes umas com as outras, até mesmo entre familiares.

A campanha principal feita em todas as mídias é para que principalmente os idosos permaneçam em casa, pois fazem parte do principal grupo de risco. Nas redes sociais, muitas pessoas criticavam os idosos que saíam às ruas, mesmo que fosse até uma farmácia. Houve quem fizesse vídeos mostrando um idoso na rua sendo chamada a sua atenção e o mandando ir para casa. Entretanto, qualquer pessoa que fosse vista na rua, outras gritavam de suas janelas para que fosse para casa. Se a preocupação com a saúde pública é importante, a civilidade foi totalmente esquecida e a grosseria a substituiu.

Outro aspecto importante nesse isolamento é o problema na área econômica. Por mais importante que seja a saúde das pessoas, o problema que poderá vir de uma grave crise econômica deve ser levado em conta. Toda a questão que envolve os contágios tem um tempo que se estabelece, atinge um pico e decresce. Por outras experiências, podemos perceber que não dura tanto tempo assim. Porém, os aspectos econômicos levam muito mais tempo para se normalizar. Principalmente no caso do Brasil que já vinha de um período de recessão econômica bastante sério por alguns anos.

Haveria alguma forma alternativa além desse isolamento social e do fechamento do comércio em geral? Seria possível outra maneira de as pessoas levarem as suas vidas o mais normal possível, sem que fosse preciso parar tudo por tempo indeterminado? Ou até mesmo por duas ou três semanas?

As formas de prevenção divulgadas, além do isolamento e do não contato físico entre as pessoas, foram o uso de máscaras e de álcool em gel. Em outros países, o uso de máscaras é muito comum quando as pessoas saem às ruas, principalmente em períodos que surge um surto de alguma doença viral. Assim, as vidas das pessoas transcorrem de maneira relativamente normal, sem haver a necessidade de parar tudo. A sociedade, como o nome já diz, se mantêm de acordo com os seus sistemas colaborativos, ou seja, uma área completa a outra para manter serviços e o meio produtivo. Dessa forma, comércio, indústrias e serviços não precisam parar totalmente, o que mantém a economia em funcionamento.

Nesse ponto, eu lanço uma pergunta: por que, ao invés de parar tudo, arriscando a jogar o país em uma depressão econômica, o governo não utiliza o dinheiro que diz que vai colocar no mercado, não utiliza esse mesmo dinheiro para investir em um grande programa que sempre pode ser aplicado em momentos como esse?

Esse programa que falo deve levar em conta os seguintes aspectos:

- Ser aplicado em tempos que surgir uma pandemia. Deve ser acionado pelo Presidente da República quando for constatado o problema.
- Incentivar empresas a produzirem máscaras para uso geral. A distribuição deve levar em conta um plano para que as pessoas usem máscaras ao saírem de casa e forem ao trabalho, por exemplo. A distribuição pode ser gratuita em postos de saúde para pessoas de baixa renda, mas também vendidas em farmácias e supermercados. Por receberem incentivos fiscais, essas máscaras teriam um preço muito acessível.
- Incentivar a produção de álcool em gel da mesma forma que a produção de máscaras. A sua distribuição é caso para um estudo mais elaborado. No entanto, havendo incentivo do governo federal evitaria a exploração no preço de venda quando a situação se torna mais crítica. Podemos perceber isso quando alguns estabelecimentos vendiam o álcool em gel por preços muito mais elevados do que antes da pandemia.
- Pode haver algum tipo de produção de luvas simples para as pessoas usarem quando estiverem nos meios de transporte. A forma de distribuição também pode ser analisada.
- Fazer campanhas de uso desses produtos enquanto as pessoas estiverem indo para os seus trabalhos, dentro dos ônibus ou metrôs.

Se o governo injetar dinheiro na economia que seja para não fazê-la parar, ao contrário de remediar o problema causado pela parada total.

Há um aspecto importante que também deve ser levado em conta: as viagens internacionais. Os aviões são o principal meio de transporte em viagens de longa distância. Dependendo do destino serão horas e horas dentro de um espaço fechado em que várias pessoas estão respirando o mesmo ar. Ninguém sabe se a pessoa ao nosso lado tem algum problema de saúde que possa ser transmissível aos outros passageiros. Também há uma possibilidade de a própria pessoa não saber que tem algum problema. Então, por que os passageiros de um avião não podem usar máscaras enquanto durar a viagem?

Essa é uma questão a ser resolvida a nível internacional, entre todas as companhias aéreas em conjunto com os governos de todos os países. Afinal, nós vivemos em um mundo globalizado. As pessoas podem ir e vir para ou de qualquer lugar a todo o momento. Essa pandemia se espalhou, entre outras formas, por pessoas que viajaram em aviões ou cruzeiros marítimos. No segundo caso, fica mais difícil resolver porque ninguém fará uma viagem em um navio caríssimo e usar máscaras a bordo. Mas, é necessário pensar em algo. Pelo menos, depois da viagem, cada pessoa deveria descer do navio ou do avião usando máscaras e permanecer um tempo em observação até não ser constatado qualquer sintoma estranho.

Nesses dois parágrafos anteriores eu creio haver muitas dificuldades de resolver o problema de contaminação. No entanto, é preciso pensar sobre isso. A disseminação mundial de um vírus torna-se cada vez mais rápida à medida que as pessoas têm meios mais fáceis de se locomoverem, mesmo para distâncias muito grandes.

Para encerrar, depois que tudo tiver passado não nos esqueçamos dos ensinamentos que essa pandemia pode nos ter dado. Vamos pensar em como prevenir de forma mais eficiente e, assim, evitar os graves problemas sociais e econômicos que certamente afetarão a sociedade. Especialmente o social: as pessoas não precisarão ter medo de se aproximarem umas das outras novamente.

Soluções possíveis para problema quase invisível

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