O governo federal decidiu decretar estado de calamidade
pública, no que fez muito bem. Esta não me parece ser a única saída, mas a mais
fácil e rápida. Pior que isso é o fato de campanhas como a de fazer as pessoas
se isolarem em seus lares para se protegerem de um vírus, evitando o contato
social de qualquer tipo, podem torná-las assustadas ou até mesmo receosas de se
aproximar de outra pessoa, mesmo que um dia acabe toda essa situação. Há o
risco, sim, de que as pessoas nunca mais sejam como eram antes umas com as
outras, até mesmo entre familiares.
A campanha principal feita em todas as mídias é para que principalmente
os idosos permaneçam em casa, pois fazem parte do principal grupo de risco. Nas
redes sociais, muitas pessoas criticavam os idosos que saíam às ruas, mesmo que
fosse até uma farmácia. Houve quem fizesse vídeos mostrando um idoso na rua sendo
chamada a sua atenção e o mandando ir para casa. Entretanto, qualquer pessoa
que fosse vista na rua, outras gritavam de suas janelas para que fosse para
casa. Se a preocupação com a saúde pública é importante, a civilidade foi
totalmente esquecida e a grosseria a substituiu.
Outro aspecto importante nesse isolamento é o problema na
área econômica. Por mais importante que seja a saúde das pessoas, o problema
que poderá vir de uma grave crise econômica deve ser levado em conta. Toda a
questão que envolve os contágios tem um tempo que se estabelece, atinge um pico
e decresce. Por outras experiências, podemos perceber que não dura tanto tempo
assim. Porém, os aspectos econômicos levam muito mais tempo para se normalizar.
Principalmente no caso do Brasil que já vinha de um período de recessão
econômica bastante sério por alguns anos.
Haveria alguma forma alternativa além desse isolamento social
e do fechamento do comércio em geral? Seria possível outra maneira de as
pessoas levarem as suas vidas o mais normal possível, sem que fosse preciso
parar tudo por tempo indeterminado? Ou até mesmo por duas ou três semanas?
As formas de prevenção divulgadas, além do isolamento e do
não contato físico entre as pessoas, foram o uso de máscaras e de álcool em gel.
Em outros países, o uso de máscaras é muito comum quando as pessoas saem às
ruas, principalmente em períodos que surge um surto de alguma doença viral. Assim,
as vidas das pessoas transcorrem de maneira relativamente normal, sem haver a
necessidade de parar tudo. A sociedade, como o nome já diz, se mantêm de acordo
com os seus sistemas colaborativos, ou seja, uma área completa a outra para
manter serviços e o meio produtivo. Dessa forma, comércio, indústrias e
serviços não precisam parar totalmente, o que mantém a economia em
funcionamento.
Nesse ponto, eu lanço uma pergunta: por que, ao invés de
parar tudo, arriscando a jogar o país em uma depressão econômica, o governo não
utiliza o dinheiro que diz que vai colocar no mercado, não utiliza esse mesmo
dinheiro para investir em um grande programa que sempre pode ser aplicado em
momentos como esse?
Esse programa que falo deve levar em conta os seguintes
aspectos:
- Ser aplicado em tempos que surgir uma pandemia. Deve ser acionado pelo Presidente da República quando for constatado o problema.
- Incentivar empresas a produzirem máscaras para uso geral. A distribuição deve levar em conta um plano para que as pessoas usem máscaras ao saírem de casa e forem ao trabalho, por exemplo. A distribuição pode ser gratuita em postos de saúde para pessoas de baixa renda, mas também vendidas em farmácias e supermercados. Por receberem incentivos fiscais, essas máscaras teriam um preço muito acessível.
- Incentivar a produção de álcool em gel da mesma forma que a produção de máscaras. A sua distribuição é caso para um estudo mais elaborado. No entanto, havendo incentivo do governo federal evitaria a exploração no preço de venda quando a situação se torna mais crítica. Podemos perceber isso quando alguns estabelecimentos vendiam o álcool em gel por preços muito mais elevados do que antes da pandemia.
- Pode haver algum tipo de produção de luvas simples para as pessoas usarem quando estiverem nos meios de transporte. A forma de distribuição também pode ser analisada.
- Fazer campanhas de uso desses produtos enquanto as pessoas estiverem indo para os seus trabalhos, dentro dos ônibus ou metrôs.
Se o governo injetar dinheiro na economia que seja para não
fazê-la parar, ao contrário de remediar o problema causado pela parada total.
Há um aspecto importante que também deve ser levado em
conta: as viagens internacionais. Os aviões são o principal meio de transporte
em viagens de longa distância. Dependendo do destino serão horas e horas dentro
de um espaço fechado em que várias pessoas estão respirando o mesmo ar. Ninguém
sabe se a pessoa ao nosso lado tem algum problema de saúde que possa ser
transmissível aos outros passageiros. Também há uma possibilidade de a própria
pessoa não saber que tem algum problema. Então, por que os passageiros de um
avião não podem usar máscaras enquanto durar a viagem?
Essa é uma questão a ser resolvida a nível internacional,
entre todas as companhias aéreas em conjunto com os governos de todos os países.
Afinal, nós vivemos em um mundo globalizado. As pessoas podem ir e vir para ou
de qualquer lugar a todo o momento. Essa pandemia se espalhou, entre outras
formas, por pessoas que viajaram em aviões ou cruzeiros marítimos. No segundo
caso, fica mais difícil resolver porque ninguém fará uma viagem em um navio
caríssimo e usar máscaras a bordo. Mas, é necessário pensar em algo. Pelo menos,
depois da viagem, cada pessoa deveria descer do navio ou do avião usando
máscaras e permanecer um tempo em observação até não ser constatado qualquer
sintoma estranho.
Nesses dois parágrafos anteriores eu creio haver muitas
dificuldades de resolver o problema de contaminação. No entanto, é preciso
pensar sobre isso. A disseminação mundial de um vírus torna-se cada vez mais
rápida à medida que as pessoas têm meios mais fáceis de se locomoverem, mesmo
para distâncias muito grandes.
Para encerrar, depois que tudo tiver passado não nos
esqueçamos dos ensinamentos que essa pandemia pode nos ter dado. Vamos pensar
em como prevenir de forma mais eficiente e, assim, evitar os graves problemas
sociais e econômicos que certamente afetarão a sociedade. Especialmente o social: as pessoas não precisarão ter medo de se aproximarem umas das outras novamente.